Marcio Mariguela
Psicanálise & FilosofiaArquivo para abril, 2012
meio século
I
uma conta a mais na contagem do conto
de conta em conta, o tempo se conta na carne trêmula
numa contagem sem conto, o tempo desconta no espírito enrijecido
não mais que um conto para contar o desconto pelas sandices emudecidas
em que conta é posssivel contar o incontável?
se todas as contas ficam pelo meio, nos entremeios o conto se conta
II
as contas de um colar de pérolas determinam o valor em quantidade
as contas de uma guia de preto velho determinam o valor em qualidade
as cotas de uma empresa é quantidade
as cotas de ocio roubada do tempo veloz é qualidade
as contas para pagar é o preço de carne ofertado no mercado
as contas a receber é a esperança lançada no além tempo
Como pode um conto contar uma vida? Um conto de réis, Cem conto?
o valor é uma contagem: quanto vale uma vida? Escravo bom é escrevo vivo!
para quem se libertou, a contagem de seu valor é um ato de autonomia
a vida vale o tanto que se é capaz de fazer valer
III
valorar é uma ato supremo de liberdade. Cada coisa tem o valor que dou a ela!
escravidão é submeter-se ao valor das coisas pelo mercado.
um por de sol no outono vale mais do que o ouro
as lágrimas de plenitude vale mais do que um diamante
o vermelho rubro da flor vale mais que rubi
quem estabelece o valor? quem valora? Essa é a questão!
IV
o valor da existencia é a inscrição de uma diferença com a potencia de invenção
inventar o valor para contar o tempo que flui sem valor e direção
na contagem do tempo o valor da vida vai solidificando o passado
lugar por onde se passou vira chão para ir e vir sem melancolia
lembranças sorridentes de uma contagem sem fim